sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Um projecto de vida

Conhecer. Descobrir. A natureza humana está intrinsecamente ligada à vontade, à necessidade de conhecer, de ir, de conquistar, de visitar, de descobrir novos mundos, novas terras, novas gentes. Desde sempre. Desde os romanos, gregos, mongóis, visigodos, bárbaros, todos quiseram ir para além do sítio onde estavam confinados. Fosse à procura de terras férteis, de novas oportunidades, de sede de conquista e de poder. Os portugueses não escaparam a esta 'tentação', a esta condição do ser humano (e, na generalidade, de todo o ser animal). Umas vezes por necessidade de sobrevivência das espécies, noutras ocasiões para poder dar novos mundos ao mundo. Dividiu-se o planeta em dois e felizmente Portugal ficou com a melhor parte - o território que vai de Melgaço a Vila Real de Santo António, de Rio de Onor a Sagres, do Corvo às Selvagens. Em criança, um dos passatempos preferidos era desenhar e pintar mapas da Europa. Socorrendo-me dos manuais da escola, desenhava a Europa e dava cores aos vários países. A Roménia era sempre roxa (uma cor forte para um país grande), a Espanha era amarela ou laranja, a França era azul. Era um mosaico de cores que, inconscientemente, ilustrava o verdadeiro mosaico que é este continente, tão rico e tão maltratado pelos seus milhões de habitantes. Sonhava conhecer o mundo, a partir da janela do meu quarto. Aos 18, com a carta cor-de-rosa na mão, comecei a conhecer (melhor) o país que me viu nascer e que me há-de ver morrer. Fui. Ora sozinho ora acompanhado, mas fui. Sempre com vontade de ver, de conhecer, as pessoas, as paisagens, os aromas, os sabores, os sons. Mas Portugal tornou-se pequeno demais. Algumas incursões pelos reinos de Castela aguçaram o apetite de passar para lá dos míticos Pirinéus. Nasceu assim, ao fim de mais de uma década a olhar para mapas, a ver documentários, a ler crónicas de viagens, um projecto que, espero, se possa repetir. Ou replicar. Fui. Voltei. Cresci. Enriqueci os sentidos, enriqueci-me pessoalmente. Este espaço é para partilhar, com o mundo, com quem quiser dar-se ao trabalho de acompanhar a prosa, as imagens, os vídeos, os pensamentos ora vagos ora mais objectivos. Porque a vida tem de se ir vivendo, objectivo a objectivo, etapa a etapa. No fim, perdemos todos - e o que ficam são as memórias. Boa viagem!